sexta-feira, abril 28, 2006

COISAS ... afinal não tão racistas.


Ora então quando eu dizia isto mesmo, chamavam-me RACISTA, pois bem minha gente cá está um relatório da OCDE acabadinho de sair...
RACISTA, racista...o caraças, afinal sou a favor "do regresso dos estudantes e demais africanos aos seus países com vista ao desenvolvbimento económico dos mesmos".

Relatório da OCDE sobre Portugal

Bolsas a estudantes africanos levam a "fuga de cérebros"

28.04.2006 - 09h22 Catarina Gomes , (PÚBLICO)

A atribuição de bolsas de estudo pelo Governo português a estudantes africanos de países lusófonos leva à sua fixação em Portugal, em vez de contribuir para o desenvolvimento das suas nações de origem, refere um relatório da Organização do Comércio e Desenvolvimento Económico (OCDE) que avalia as políticas de cooperação em Portugal. O documento foi ontem divulgado e está disponível em http://www.oecd.org .

O Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD) concedeu, no ano lectivo de 2005/2006, 55 bolsas para licenciatura, 57 para mestrados ou pós-graduações e 23 para doutoramentos a estudantes dos cinco países africanos de língua oficial portuguesa.

O Comité de Ajuda ao Desenvolvimento da OCDE defende que Portugal precisa de avaliar "os questionáveis benefícios" destas bolsas. "Estão bem documentados os efeitos negativos da fuga de cérebros em países pobres", lê-se no documento. Embora as bolsas sejam dadas como estímulo ao desenvolvimento do país, reconhece-se que muitos destes estudantes africanos, depois de terminadas as suas formações, ficam em Portugal, admitiu ao PÚBLICO o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, João Gomes Cravinho.

Os números de não retorno aos países de origem não estão contabilizados mas o Governo português, que teve direito a defender-se nesta avaliação, concorda com a falha apontada. "Não há uma política de bolsas, há o hábito de conceder bolsas", diz o governante. Gomes Cravinho admite que "há uma má aplicação de recursos", porque "o desenvolvimento de capacidades individuais não contribui para desenvolvimento do país se não estiver ligado ao desenvolvimento de instituições".

Porque o problema já estava sinalizado, o sistema vai mudar nas candidaturas a bolsas que se iniciam já em finais de Julho, anuncia. O IPAD vai passar a privilegiar bolsas de mestrados e doutoramentos, em detrimento das licenciaturas. Vai também promover o recrutamento de bolseiros directamente em instituições africanas, atribuindo as bolsas "a pessoas com lugar de retorno".

Falta de pessoal com formação em cooperação

A OCDE critica ainda a má preparação técnica do pessoal do IPAD - organismo criado em 2003 que é parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Emprega 169 pessoas e "poucas combinam experiência de campo e formação em desenvolvimento", o que funciona como um entrave "à efectiva monitorização das intervenções portuguesas".

O défice de especialistas em cooperação está ligado "à situação difícil que se vive na administração pública, ligada às dificuldades de contratação e formação", nota o responsável.

As críticas da OCDE não se ficam por aqui. Considera-se que as organizações não governamentais "ocupam um papel marginal na cooperação", lê-se. Aconselha-se que o "Governo alargue o seu diálogo com as ONG, incluindo-as em consultas sistemáticas" e trabalhando com elas nos países onde estão implantadas, não se limitando a relações de financiamento. O governante afirma que está a tentar mudar a atitude de marginalização, mas sublinha que a representatividade das ONG portuguesas é limitada, assim como a sua capacidade de autofinanciamento.

O ensino do português é uma aposta de Portugal nestes países mas não deve ser um fim em si mesmo e sim um instrumento de desenvolvimento, refere a organização. Gomes Cravinho afirma que há um bom exemplo de ensino da língua, "a ser aplicado noutras circunstâncias", em Timor-Leste. Na povoação de Tibar o português é o veículo de ensino de uma profissão, aplicado em manuais de construção civil, carpintaria e electricidade.

Mas o maior puxão de orelhas da OCDE foi para a baixa fatia dada por Portugal no auxílio a nações mais pobres. Num ranking de 22 Estados, foi o país que menos dinheiro dispensou em 2005: apenas 0,21 por cento do seu produto interno bruto.